Nesta segunda-feira, 4 de Agosto, mais de 900 ex-militares das Forças Armadas Angolanas (FAA), licenciados em Outubro de 2023 com a promessa de integração na Polícia Nacional, manifestaram-se em frente ao Quartel do Exército, em Luanda. O grupo cobra respostas do Ministério da Defesa e do Ministério do Interior, alegando falta de enquadramento institucional e possíveis irregularidades no processo de transição.
Os reivindicantes, provenientes de diversas províncias como Luanda, Bengo, Lunda-Norte e Malanje, expressaram frustração com a ausência de informações claras sobre a sua situação. José António de Sousa, porta-voz do grupo, afirmou que o processo de transição, conduzido pelo tenente-coronel Cabanga, incluiu exames que, segundo ele, funcionaram como barreiras à inserção na Polícia Nacional.
“Estamos a ser prejudicados porque não temos ninguém que nos apoie. Isso deixa-nos desiludidos e preocupados”, lamentou José António, destacando que o processo de admissão às FAA foi mais simples e justo.
Os ex-militares acusam as autoridades de terem preenchido as vagas prometidas com outras pessoas, alegando favorecimento. “O que nos deixa revoltados é que as nossas vagas já estão preenchidas”, disse José António. Além disso, denunciam tentativas de encaminhá-los para empresas privadas de segurança, solução que consideram uma desvalorização do seu contributo à pátria.
A situação destes ex-militares ocorre no contexto de um programa anunciado pelo Governo angolano para transferir até 10 mil militares da reserva das FAA para a Polícia Nacional até 2027. Em Novembro de 2024, mais de 4 mil militares foram oficialmente transferidos, conforme informações da Agência Angola Press (ANGOP).
Além disso, em Junho de 2025, o Presidente da República aprovou um programa de 41,5 mil milhões de kwanzas para apoiar a empregabilidade de efectivos licenciados das FAA, visando a sua reintegração socioeconómica.
Apesar destas iniciativas, os ex-militares que participaram na manifestação continuam sem respostas concretas sobre a sua situação, exigindo uma solução urgente e transparente das autoridades competentes.
