O projeto faz parte de um programa de renovação e valorização museológica da Sala das Descobertas do Palácio Nacional de Mafra, cuja primeira fase foi concluída em julho, com o restauro das pinturas murais sobre a expansão marítima dos séculos XV e XVI, disse à Lusa o diretor do monumento, Sérgio Gorjão.
Além das pinturas do teto e das paredes -- agora restauradas -- da autoria do artista e arquiteto português Cirilo Volkmar Machado (1748-1823), encontram-se ainda nesta sala legendas das pinturas que o artista terá encomendado a cinco pintores, e que serão agora substituídas por novas telas "fazendo eco do tema dominante da sala, através de um olhar crítico e criativo contemporâneo", explicou o responsável, em resposta a perguntas por 'email'.
A sala também teve, na sua origem, uma decoração com telas de vários pintores, nomeadamente Vieira Portuense, Domingos Sequeira, José da Cunha Taborda, Bartolomeu António Calisto e Arcângelo Fosquini encomendadas por Cirilo Wolkmar Machado, levadas para o Brasil e, desde então, dadas como desaparecidas.
Sobre o desafio artístico de criar obras num contexto histórico num monumento como este -- classificado em 2019 Património Cultural Mundial pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO, na sigla em inglês) -- Rui Macedo afirma que recebeu o convite "com entusiasmo" e sentido de "grande responsabilidade".
"Eu gosto destes desafios que procuram criar diálogos diretos entre tempos históricos distantes e onde a arte contemporânea raramente é o meio utilizado para estimular uma relação entre o património histórico e o pensamento artístico contemporâneo", afirmou à Lusa, também em resposta a perguntas enviadas por 'email'.