O artista, em declarações ao Jornal de Angola, à margem do momento de comemoração ao lado de familiares e amigos, mostrou-se feliz pelo marco atingido e desejou, daqui para a frente, continuar a somar e aproveitar o momento ao lado das pessoas que ama.
A esposa, Susana Cadete Francisco, disse sentir-se satisfeita, porque nem todos têm o privilégio de chegar aos 89 anos.
“Deus lhe deu essa permissão, e continuo a pedir para que lhe guie por mais anos de vida, que vão ser aproveitados ao lado da sua família”, afirmou.
Uma das amigas de longa data do Rei da Música Angolana, que marcou presença na residência do artista, para felicitá-lo, foi Mamã Kwiba. A Diva do Povo, como também é conhecida, aproveitou para testemunhar que Elias dya Kimuezo, enquanto jovem, foi bem comportado, possuindo, sempre, uma imagem de um cantor promissor.
Naquela época, afirmou, já vinham a Angola músicos brasileiros de renome, mas quando Elias dya Kimuezo subia ao palco, o povo estava aí, muito mais eufórico, para apoiar e valorizar o que era nacional.
“Elias dya Kimuezo é, sem dúvidas, um dos símbolos deste grande país, por isso desejo que Deus o cuide, de forma a permanecer muito mais tempo do nosso lado”, disse.
Por outro lado, a jornalista e actriz Aminata Goubel “Mamã África considerou Elias dya Kimuezo um pai para si e um homem de cultura, que sempre acompanhou enquanto menina no Marçal e no Rangel, onde cresceu.
O grande Elias, continuou, sempre defendeu a língua nacional, cantando em Kimbundo, usando panos e missangas. “Para mim, ele é um grande legado, que bebi, porque o que me tornei hoje também tem muita influência do grande Rei da Música Angolana”, afirmou.
Aniversariante real
Elias José Francisco, de nome artístico Elias dya Kimuezo, nasceu a 2 de Janeiro de 1936, numa a casa no Bairro Marçal, em Luanda. Começou a carreira artística em 1950, no grupo “Ginásio”, como compositor.
Em 1956, apareceu como intérprete e tocador de bate-bate, no conjunto Kizomba, do município do Sambizanga. Na época fundou o conjunto Dikindus, constituído por operários fabris. Era o vocalista principal. Teve ainda passagem pelos Makezos e os Kizombas, conjunto que tocava no Salão Malanjinho, no Bairro Sambizanga.
No início da carreira artística, Elias dya Kimuezo ganha popularidade por usar a língua kimbundu como forma de expressar os seus sentimentos. No ano de 1969, foi a Portugal com o grupo Rebita, onde teve a oportunidade de participar num concurso musical em Santarém, no qual Angola obteve o segundo lugar.
Dando sequência aos êxitos conquistados, Elias fez um contrato com a editora Valentim de Carvalho, com a qual gravou três LP, com destaque para “Etiqueta Angola”, que teve a participação dos músicos Ruy Mingas, Teta Lando e Barceló de Carvalho “Bonga”. Gravou cinco singles.
O titulo de Rei da Música Angolana vem da década de 60, quando o Centro de Informação e Turismo de Angola (CITA) o consagrou Rei da Música Folclórica Angolana. A UNAC e o Ministério da Cultura reconfirmaram o título de Rei da Música Angolana. A escritora Marta Santos lançou, em 2012,o livro ‘Elias Dya Kimuezo – A voz e o percurso de um povo”.